Entrevistas

Ao longo da minha vida de professor, dei várias entrevistas, sobretudo no Brasil, a maior parte delas para televisões e rádios universitários. Creio que as entrevistas são um modo de comunicar algo efémero, ganhando, talvez, maior projeção e uma permanência maior no tempo se forem publicadas em forma de livro. Animado por esta ideia (que talvez não passe de uma ilusão), decidi selecionar algumas das entrevistas de que guardo registo (a maior parte delas nem eu sei por onde andarão), e reuni-las em livro. Para um octogenário como eu, é uma tentativa de prolongar a minha própria vida. Não me parece que seja vaidade (talvez um pouco…). Quando os leitores chegarem à minha idade, compreenderão melhor o que quero dizer. Só conheço pessoalmente os entrevistadores das três primeiras entrevistas que selecionei para este livro. Algumas perguntas (poucas, as que se reportam a aspetos da minha vida pessoal e das minhas atividades no terreno da cidadania) poderão ter surgido a partir do conhecimento que os entrevistadores tinham da minha vida. Mas, em geral, são entrevistas de cunho académico, embora a terceira e a última se insiram mais na esfera da cidadania. Aconteceram em tempos diferentes e em contextos diferentes. Cinco delas foram realizadas por iniciativa de Colegas meus, professores em várias Universidades do Brasil. Três foram propostas e conduzidas por jornalistas. A última entrevista selecionada – que muito me agradou fazer – foi-me sugerida por uma estudante portuguesa em Paris, residente na Casa de Portugal, na Cidade Universitária, onde eu residi, enquanto preparava o meu doutoramento, entre set/1973 e abril/1974.