Cadernos do Ceis 20 N.º 26: Monumentos do Salazarismo. Curta-metragem retrospetiva

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Na recente investigação cumprida em Monumentos, Território e Identidade no Estado Novo concluímos, em definitivo, que da definição de um projeto à memorização de um legado se consagrou na organização do espaço português certa ideologia política, incontestada estratégia, com certeza concertada nos princípios de uma reavida Portugalidade defendida pelo regime chefiado por António de Oliveira Salazar. O Estadonovismo seria, assim, presumivelmente presenciado como um programa pessoal sobremaneira comprometido com convicções nacionalistas e antidemocráticas, projetadas e sancionadas numa nova Constituição responsável pela imposição de um poder tendencialmente totalitário. Porém, conjuntamente em razão de diferentes episódios e factos sobrevindos à época da Ditadura, compreender-se-ia que dito plano para Portugal se impôs no lugar da terra mediante numerosas e multifacetadas obras e transformações, que decerto conformaram inconfundíveis imagens da Nação Salazarista. Apelidar-se-iam retratos do portuguesismo, porém, segundo se apurou, não apenas evidenciariam aquelas feições nacionalista e regionalista tão apetecidas, como, a par, expunham uma feição internacional, moderna, alegadamente ilegítima e proibida. As campanhas de reintegração dos monumentos nacionais tecidas à luz de uma orientação técnica, oficial, que expressamente ditava que todas estas antigas e históricas estruturas regressassem à sua originalidade deveras consubstanciaram de Norte a Sul do território tais fácies e desígnios fascizantes então exigidos. Por meio da enérgica ação da propaganda dirigida nas primeiras duas décadas pelo outrora enviado especial do Diário de Notícias, António Ferro, os portugueses e, desejadamente, o Mundo conheceriam, de forma idílica, aquela Pátria de conto de fadas que se acreditava estar a (re)construir. A todos se ambicionava domesticar a perspetiva tida sobre Portugal. Para o efeito, organizaram-se comemorações, exposições, publicações, prémios e muitos outros acontecimentos que tivessem a capacidade de a divulgar e popularizar. Ainda que não constituísse um desses instrumentos privilegiados de inculcação, também o cinema, à sua restrita escala, reproduziria determinados fotogramas bem representativos e animados da vida nacional, especialmente através de diversos documentários alusivos ao quotidiano experimentado no campo ou à inigualável História admirada nos monumentos. É, neste sentido, nosso propósito desvendar como esta indústria foi apropriada em favor dos incensuráveis mitos ideológicos arregimentados pelo Estado Novo e como os monumentos nacionais nas telas materializaram certa ideia de Ser Português. Uma curta-metragem retrospetiva sobre os Monumentos do Salazarismo que se perfará considerando catorze documentários visualizados na Cinemateca Portuguesa.

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Autor
Data

,

Edição

1.ª Edição

Série

DOI

10.14195/978-989-26-1804-3

eISBN

978-989-26-1804-3

ISBN

978-989-26-1803-6

Páginas

72

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